Sade surgiu em 1984, com o disco "Diamond life", do hit "Smooth operator". A partir daí foram quatro discos de estúdio (até o ano 2000) e um ao vivo, o ótimo (e retrospectivo) "Lovers life", lançado em 2002. A cantora enfileirou sucessos, como "No ordinary love", "Paradise" e "The Sweetest taboo". Alguns pegaram bem aqui no Brasil, por conta da inclusão em trilhas de novelas.
O som de Sade pode ser definido como aquele "não fede e não cheira". Sua voz é gostosa, as melodias, interessantes, mas sempre parece que está faltando alguma coisa. E "Soldier of love" não foge a regra. Assim como nos álbuns anteriores, esse novo apresenta uma sonoridade rhythm & blues (um pouquinho de nada mais puxada para o pop) e algumas canções com cacife para se transformarem em hits - e, talvez, deixar a conta bancária da cantora recheada até dar vontade de entrar em estúdio novamente para gravar um novo disco.
A faixa de abertura de "Soldier of love" (produzido pela própria cantora), "The moon and the sky" já serve como um prelúdio de basicamente tudo o que pode ser encontrado no decorrer das outras nove faixas do CD. Longe de ser ruim, a canção captura mais o ouvinte pelo fato de trazer algo novo - novo realmente? - na voz de Sade Adu. Nessa faixa, é possível ouvir o costumeiro esmero instrumental e técnico da cantora e de seus músicos. A canção alterna climas, abusando de diversos instrumentos (muito bem gravados, por sinal), da guitarra inteligente de Stuart Matthewman aos teclados classudos de Andrew Hale. O arranjo de violino e violoncelo também dá um bom diferencial à canção. Entretanto, apesar de tanta produção, "The moon and the sky" desce apenas macio, como música de consultório de dentista.
Em outras faixas, Sade abusa mais das programações eletrônicas, casos de "Soldier of love", "Bring me home", "Babyfather" (um pop esperto que tem tudo para estourar) e "Skin", esta última um pouco mais lenta, com a típica assinatura da cantora.
Em outros momentos, Sade Adu soa mais introspectiva. Na faixa "Morning bird", por exemplo, ela acerta em cheio, com uma melodia simples emoldurada por um belo violoncelo de Ian Burdge. O arranjo vocal dessa canção também é um dos pontos altos do álbum. "Long hard road" e "Be that easy" são outras que descem bem, apesar de, nesse momento, o álbum já parecer um pouco repetitivo demais.
Lá bem pelo finalzinho, "Soldier of love" ganha um gás com a bonita "In another time", umas das canções mais bonitas da carreira de Sade, com destaque para os trompetes econômicos de Gordon Matthewman e Noel Langley. A faixa de encerramento, "The safest place", com bonitas camadas de cordas, é outra que mostra uma Sade mais contida (e, nem por isso, menos repetitiva).
"Soldier of love" é assim, vamos dizer, um álbum gostoso de ouvir. Mas a sensação de repetição de suas faixas é algo que, em determinado momento, realmente incomoda. Pode cansar em um dia. E o que dirá em dez anos...
abaixo apresentação no Dave Letterman de "Soldier of Love".
Fonte: Esquina da Música e Youtube.
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