quarta-feira, 31 de março de 2010

Gorillaz lança seu terçeiro disco, Plastic Beach.

O Gorillaz está de volta. A banda fictícia criada pelo cantor, compositor e instrumentista Damon Albarn (Blur, The Good, the Bad & the Queen) e o quadrinista Jamie Hewlett (Tank Girl) em 1998 volta a ser notícia com o lançamento de seu terceiro disco, Plastic Beach.

Sucessora de Demon Days (2005), a nova bolacha vem para consolidar os personagens 2D (vocal e teclado), Murdoc Niccals (baixo), Noodle (guitarra e vocal) e Russel Hobbs (bateria) como ícones da cultura pop e aumentar a moral (e a conta bancária) de Albarn.

Além do músico inglês, Plastic Beach tem uma dúzia de convidados, de rappers como Mos Def e Snoop Dogg a rockers do calibre de Lou Reed, Mick Jones e Paul Simonon (esses, do extinto The Clash). E foi bem recebido pelo público, atingindo o topo das paradas em quase todos os países onde foi lançado, vendendo mais de 300 mil cópias em um mês. O líder do Gorillaz é o destemperado e genial baixista Murdoc Niccals – um sujeito de pele verde e olheiras profundas, dono de um sorriso perverso com dentes podres. De uns anos para cá, Murdoc entrou em surto: irritado com o perfil pacificador do vocalista 2D, aprisionou-o num quartel situado sobre uma pilha de lixo flutuante no oceano. Quem vigia 2D, com espingarda em punho, é a guitarrista Noodle – um ciborgue construído a partir do DNA de Noodle, que teria morrido durante a gravação de um videoclipe. O grupo de Damon Albarn (o genial vocalista do Blur, que assume o personagem 2D) ironiza a própria postura de ver um mundo se dissolvendo, sem conseguir – como qualquer ser humano – adotar condutas que de fato resultem em soluções palpáveis. O único que poderia fazer a diferença, mesmo, é Murdoc, o governante da “Praia de Plástico”. Em meio a essa síntese de angústias do início do século, o Gorillaz inova em cima da fórmula dura do hip hop. Às batidas eletrônicas, Albarn acrescenta uma sofisticação rítimica e um requinte nos arranjos de teclados e sintetizadores que transgridem a linguagem inerente ao rap – e qualquer gênero musical – até aqui.

On Melancholy Hill, por enquanto a música do ano, conta a história de um homem apaixonado que só vê a mulher e uma árvore de plástico, num balanço tão suave como dançante. Já Welcome to the World of the Plastic Beach, com Snoop Dogg no vocal, reconhece que há um “país das maravilhas” entre a poluição dos mares e o desperdício de plástico. A batida seca de Stylo, com uma pulsação alucinante do baixo programado em computador, já alavancou o primeiro sucesso de um disco que entra para a história. Porque o consumismo (Pirate Jet), o belicismo (White Flag), a devastação ambiental (Some Kind of Nature), o desperdício (Pirate Jet), tudo é abordado com inteligência sublime pelo Gorillaz, exatamente por compreender que fugir dessa situação parece impossível – o que não quer dizer que concordemos com ela.






Fonte: Paulo Germano (Segundo Caderno - Zero Hora- 31/03/2010). Youtube

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