quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Os Mutantes continuam vivos

(Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias, na formação original, entre 1968 e 1970)

Quem foi ao Parque Eduardo Gomes, em Canoas, na noite da última terça-feira, não se arrependeu. Não é sempre que se está diante de uma lenda viva do rock brasileiro, e por que não, mundial. Afinal, os nomes de Sérgio Dias Baptista, 58 anos, e de Os Mutantes já ultrapassaram as fronteiras brasileiras. Criada em 1968, a banda paulista influenciou gringos como Sean Lennon, Kurt Cobain, David Byrne e Mike Patton, entre outros. Ano passado, depois de 30 anos sem gravarem um disco, lançaram o inédito Haith ou Amortecedor, só com inéditas. Em 2009 também fizeram uma turnê de sucesso nos Estados Unidos, com 30 shows que renderam elogios rasgados de publicações como a Rolling Stone e o The New York Times.

Pois na terça, ou início da madrugada de quarta, a nova formação dos Mutantes fez um show gratuito dentro da programação do Fórum Social Mundial. Era meia-noite quando Sérgio Dias e companhia subiram ao palco, diante de 20 mil pessoas. Antes, os pernambucanos da Nação Zumbi já haviam deixado o público cansado de tanto pular e cantar, com sua mistura pesada de ritmos. Mas Os Mutantes – mesmo sem Rita Lee e Arnaldo Baptista – ainda são Os Mutantes. Bastou abrirem com Technicolor, El Justiciero e Minha Menina, para todos perceberam que a magia continuava viva. Foi um desfile de clássicos permeado por novidades, até as 2h10. “Vamos tocar algumas músicas novas. Se não gostarem, podem vaiar, a gente está acostumado. Mas não se empolguem muito”, brincou Dias em certo momento. E deram uma amostra do novo repertório, com Querida, Querida, Teclar, Bagdah Blues, Annagrama, Neurociência do Amor e outras. A receptividade foi menos entusiasmada, mas ninguém vaiou.

Das 17 canções, as últimas foram as obrigatórias Balada do Louco, Ando Meio Desligado e a pesadíssima e divertida A Hora e a Vez de o Cabelo Nascer (ou Cabeludo Patriota). Uma pausa e, em seguida, o bis com Bat Macumba e Panis et Circenses. É certo que não foi tudo perfeito. A qualidade do som não estava boa – a Nação Zumbi foi mais feliz nesse quesito – , mas a garra dos músicos foi inquestionável. A vocalista Bia Mendes foi competente na tarefa árdua de substituir Rita Lee e o “dinossauro” Dinho Leme continua um monstro na bateria. Completam a banda Henrique Peter (teclado, flauta doce e vocal), Vitor Trida (teclado, flautas, viola, cello e vocal) e Vinicius Junqueira (baixo).

Mas a alma é Sérgio Dias. Falante, bem-humorado, soube cativar a plateia desde o início. “Nós só voltamos por causa de vocês”, disse. Guitarrista habilidoso, mostrou seu lado virtuoso em um inspirado (e longo) improviso no fim de Ando Meio Desligado. Depois do final do show, Dias ainda ficou umas duas horas conversando com fãs. Sorte de quem esteve lá.

fonte: Luis Fernando Ferreira (Gazeta do Sul, 28/01/10)

3 comentários:

  1. Bah, eu tive essa sorte!!! O Show foi mágico e alucinante!! Mutantes, a galera do FSM quer mais shows pelo Brasil e mundo afora!!! Vocês mostraram que estão muito bem vivos!!!!
    Abração!
    Robinson - Porto Alegre/RS

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  2. Grande Robinson e você é um cara apreciador do melhor e de bom gosto também. Mutantes vão ficar pra sempre no imaginário da galera mais "descolada" e "ligada". Os Mutantes eram visionários que anteciparam muitos "lançes" do que viria depois como "supostas" novidades pra moçada mais... digamos assim...Umpluged.

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  3. Grande Ludi, parabéns pela brilhante idéia, aceita sugestões? : Matt Wertz, Richard Bona, Malika Ayane, Malika Ayane, Lunapop, Benjamin Cohen, Giuliano Rassu, Marc Anthony, Hans Theessink, William Matthew Currington, Lisa Ekdahl... Forte Abraço e sucesso pleno amigo !!!

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