sábado, 8 de janeiro de 2011

Mais Pete Best

O baterista Pete Best, que tocou com os Beatles entre 1959 e 1962 e está nio Brasil para dois shows em Vitória, no Espírito Santo, concedeu uma entrevista coletiva à imprensa brasileira nesta sexta-feira (7). Com paciência, simpatia e bom humor, Best respondeu a todas as perguntas dos jornalistas, tirou fotos e deu autógrafos. Confira alguns trechos.
O que os fãs podem esperar dos shows aqui em Vitória?
Pete Best: O set vai ser basicamente formado por músicas que toquei com os Beatles. Teremos algumas surpresas, mas vamos tocar com certeza My Bonnie e P.S. I Love You.
Depois que saiu, manteve contato com os Beatles?
Eu cheguei a tocar três ou quatro vezes com eles em Liverpool. Depois eu montei uma outra banda e nós nos encontramos algumas vez. Mas depois que eles explodiram, não importava quem você fosse, mesmo eu sendo o Pete Best, era impossível falar com eles.
É verdade que você ajudou Paul MacCartney a escolher o contrabaixo Hofner usado por ele?
Nós estávamos na Alemanha e fomos a uma loja em Hamburgo. Lá havia esse baixo, em formato de violino, e nós ficamos encantados com ele. O problema é que o baixo era feito para destros. Tivemos que esperar que fossem feitas adaptações para o Paul, que é canhoto. Esse baixo foi usado pela primeira vez em junho de 1961, em uma apresentação no Casbah Club, em Liverpool.

Dizem que, quando você deixou a banda, as mulheres gritavam seu nome e pediam para voltar. Acha que o Ringo pode ter se sentido pressionado? Quando estava nos Beatles, você imaginava que a banda faria tanto sucesso? E o que você sentiu quando viu todo o sucesso deles?
Desde o começo nós sabíamos que os Beatles fariam sucesso, mas naquela esperávamos ficar famosos pelo menos na Inglaterra, chegar ao topo das paradas na Inglaterra. Ninguém imaginava toda essa proporção. Claro que eu gostaria de ter sido parte disso tudo, mas aconteceram algumas coisas que impediram que eu continuasse na banda. De qualquer forma, eu fiz parte do começo.
Quais lembranças tem da sua convivência com John Lennon, George Harrison e Paul McCartney? Qual deles era mais próximo?
Tenho muitas lembranças, muitas histórias. Nesses quase três anos, nós tivemos uma vida de estrelas do rock. Dos Beatles, tenho que admitir que John era o mais próximo. Eu era amigo de todos, mas eu e John Lennon éramos almas gêmeas.
Desde que saiu da banda, teve a chance de encontrar com Ringo Starr?
Encontrei com ele em quatro ocasiões, mas nada foi dito. Desde 1962, eu nunca falei com Ringo e ele nunca falou comigo. Isso pode mudar, quem sabe?

(risos) Quem se importa com Ringo? (risos)
Quem era o mais namorador?
Eu (risos). Na verdade, todos nós tínhamos muitas garotas. Numa noite, ouvíamos gritos, na outra gritos e na outra mais gritos. Mas eram as garotas que nos escolhiam. Então, devíamos apenas agradecer. (risos)


Você trabalhou como padeiro. Como foi?
Quando saí dos Beatles, eu já era casado e tinha minha primeira filha. Uma filha linda. Então, tive que tomar uma decisão: continuar tocando em bandas ou cuidar da minha família. Trabalhei numa padaria porque foi minha única opção. Apesar de ter qualificação e eduçação para outros trabalhos, todos diziam "você vai voltar para o show business e ser baterista de novo". Eles achavam que eu largaria o emprego em pouco tempo. Então, trabalhei um ano na padaria. Logo depois, fui trabalhar para o governo e consegui me aposentar. Em 1988, voltei para a música com minha própria banda e desde então estou em turnê pelo mundo, lançando CDs, filmes e livros pela minha própria produtora e gravadora, a Casbah Records.

Nos últimos anos você tem produzido muita coisa, escreveu livros, lançou discos, DVDs.
Minha família trabalha comigo na minha banda, a Pete Best Band. Venho de uma família envolvida com entretenimento. Meu irmão é músico e meu pai era boxeador. Então, tive a oportunidade de conhecer várias áreas desse mercado. Nós temos uma gravadora, a Casbah Records, e ainda temos o Casbah Club, o único pub na cidade que funciona desde os Beatles. Nós gravamos um DVD sobre a história da banda. Eu e meu irmão também escrevemos um livro contando o verdadeiro início dos Beatles. Contamos a história da nossa mãe, que foi a peça principal para os Beatles se tornarem o que se tornaram. Acredito que esse ano de 2011 será muito importante para a família Best, mas ainda é surpresa!
Como você se sente com toda essa admiração por ter sido parte dos Beatles?
Quando chego nos lugares, sou acolhido de forma muito calorosa. É muito bom sentir isso. Eu tenho orgulho disso, mas eu me vejo como Pete Best, um homem ligado a família. Chegar nos lugares e ser tratado como uma lenda me deixa muito feliz, mas eu sou o mesmo simples Pete Best.

Você já esteve no Brasil três vezes. O que você acha do país? Conhece a música brasileira?
Já toquei em Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo e conheço muitos brasileiros que vão a Liverpool. Os brasileiros encantam a gente com todo o carinho e a atenção que eles nos dão. Mas tenho que admitir que, infelizmente, não conheço bem a música brasileira. Espero voltar e ficar mais tempo para ter mais contato com a música de vocês.

E sua canção preferida dos Beatles?
Minha preferida dos Beatles é I Saw Her Standing There, que está no repertórios dos shows em Vitória.
 
Fonte: Terra (texto integral/Alex Cavalcanti)

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