quarta-feira, 7 de julho de 2010

Ringo Starr de niver hoje... Um senhor baterista.

O aniversariante do dia Ringo Starr.
 É o primeiro beatle a chegar à casa dos 70 anos.
O dono de um dos rostos mais simbólicos da juventude do século 20 completa hoje 70 anos. O inglês Richard Starkey é músico, compositor e ator – mas o mundo o conhece como Ringo Starr, o baterista da maior banda de rock da história, os Beatles.
Verdade que a face de Ringo nem sempre é a mais lembrada do grupo. No imaginário do público, as imagens dos óculos redondos de John Lennon (1940 – 1980), do semblante místico de George Harrison (1943 –2001) e do ar de bom-moço de Paul McCartney, 68 anos, costumam estar mais presentes. Sempre apontado como o beatle-patinho-feio, o baterista sofreu mais injustiças do ponto de vista musical – ocupava o segundo plano no palco, raramente compunha, ficava ofuscado pelo brilho dos talentos – e egos – dos colegas.
Colegas que praticamente imploraram para contar com Ringo no grupo. Em 1962, os Beatles estavam prestes a entrar em estúdio e gravar seu primeiro compacto – uma chance de saltar quilômetros à frente das outras dezenas de bandinhas de Liverpool. Mas o produtor George Martin implicou com o então ritmista do quarteto, Peter Best – e John, Paul e George decidiram chamar Ringo, um velho amigo que já tinha tocado com eles e tinha fama de ser o melhor baterista da cidade. O convite foi cinematográfico: Paul e John viajaram de carro até o litoral britânico – onde o baterista estava em uma temporada de verão com sua banda da época, o Rory Storm & The Hurricanes – e praticamente o tiraram da cama, pela manhã, para fazer a convocação em pessoa. Não havia como recusar.
A bordo dos Beatles, Ringo participou de uma revolução cultural em escala mundial. Jovens de toda parte queriam ouvir aquelas vozes, tocar aquelas guitarras, usar aqueles cabelos na testa, ser aqueles caras. Tudo consequência de uma sólida química musical, na qual o toque do baterista foi essencial – sem ser um virtuose das baquetas, Ringo sempre tocou exatamente o que cada canção exigiu, na medida certeira de sentimento e ritmo. A isso, somou-se o temperamento bonachão e bem-humorado do homem do tambor – capaz de soltar frases folclóricas que viravam títulos de músicas e discos, como A Hard Day’s Night (“a noite de um dia difícil”) e Tomorrow Never Knows (“amanhã nunca se sabe”).
Ringo não é um compositor magnífico como foram John e George – e como Paul ainda é –, mas soube se virar depois do final da banda, lançando álbuns solo com pequenas ajudas dos ex-companheiros e trabalhando como ator em filmes como Lisztomania (1975) e Caveman (1981). Os anos 2000 vêm sendo bem ativos para o baterista, que lançou quatro discos nos últimos 10 anos – o mais recente, o divertido Y Not, saiu neste verão. O CD tem a voz de Paul na balada Walk With You, lembra John e George (em Peace Dream e na faixa-título) e ainda resume o espírito de Ringo nos versos de Can’t Do It Wrong: “Às vezes eu ando e não sei o caminho / Não tenho um mapa, mas não posso ter medo de seguir”.
Fonte: Zero Hora (Segundo Caderno do dia 07 de julho de 2010) integralluis.bissigo@zerohora.com.br
Curiosidades sobre a trajetória de Ringo Starr:
-O nome artístico vem do costume do baterista, ainda jovem, de usar anéis (“rings”, em inglês). Ringo também é o nome de um personagem de faroeste interpretado por John Wayne em um dos clássicos do western – o filme No Tempo das Diligências (Stagecoach), de John Ford.
- Na infância e na adolescência, Ringo passou longas temporadas hospitalizado, por problemas como apendicite e pleurisia. Já ali ele mostrou a personalidade carismática que iria fazer sua fama depois: num desses períodos, chegou a organizar uma banda com outros pacientes da ala onde estava internado.
-A saúde voltou a incomodá-lo durante a Beatlemania. Em 1964, uma forte amigdalite o forçou a ficar de cama, e ele teve de ser substituído no início de uma turnê em junho. Quem tocou bateria em alguns shows foi Jimmy Nicol. Em duas semanas, Ringo voltou ao grupo.
 -Ringo foi o primeiro integrante a deixar os Beatles – foi em 1968, durante as gravações do White Album. Irritado com Paul, que havia gravado a bateria de Why Don’t We Do it in the Road?. Voltou depois de duas semanas, por insistência dos outros beatles.

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